terça-feira, 8 de outubro de 2013

Uma festa sem igual.

O casamento transcorreu em harmonia. O local era uma capela singela do século XVI, muito agradável. A noiva chegou no horário. O padre, desta vez, fez uma preleção rápida e bastante realista para os nubentes e convidados. E assim o casamento foi se realizando, sempre embalado por um magnífico coral, que brindou a todos com uma seleção de músicas primorosas.

Ao final, soaram as trombetas e os convidados foram conduzidos ao salão de festa. O local exalava glamour. Mesas finamente decoradas, candelabros que caiam do teto e discretas luzes coloridas envolviam todo o ambiente, criando uma atmosfera toda especial e requintada.

Os convidados ao chegarem, foram recebidos com musica de Frank Sinatra e de outros cantores famosos da época. No centro do salão uma área era destinada à discoteca. Tudo muito bonito. Os anfitriões haviam criado realmente um ambiente perfeito. Um ambiente fino e de classe para os noivos festejarem as suas bodas, na companhia dos seus amigos e convidados, naquele que seria um evento memorável. Descortinava-se uma verdadeira noite de gala.

A indumentária dos convidados estava totalmente de acordo com o ambiente. Os homens elegantemente vestidos com seus paletós finos, sapatos brilhantes e cabelos impecavelmente cortados. As mulheres com seus longos vestidos, coberto de brilho, e com suas sandálias de salto, que as tornava mais altas e elegantes. Seus cabelos, irretocáveis, penteados para a ocasião, com muito esmero.

No salão observava-se um discreto balé de garçons, que com suas bandejas ao alto, repletas de finas iguarias e bebidas, iam e viam sem parar. Decididamente o clima de glamour estava no ar, e a ordem era aproveitar o ambienta que aquela festa proporcionava.

Mas á medida que os convidados iam comendo, dançando e principalmente bebendo, a animação foi crescendo de forma abrupta. A uma certa altura da festa, os primeiros sinais de fumaça do efeito alcoólico chegaram aos cérebros dos alegres dançarinos, que aproveitavam a área da discoteca. O sangue, que agora começava a ferver, passava a ser bombeado com mais intensidade, levando à todas as partes dos seus corpos certos sinais hereditários e tribais, que faziam ouvir o som dos tambores, sentir o cheiro da fumaça das fogueiras, e um certo gosto da carne crua que chegava às suas bocas, através de arrotos ancestrais.

Já com a química do corpo totalmente transfigurada, aquele som antigo e nostálgico, já não era mais digerido pela galera. Sem cerimônia, alguém vai ao DJ e fala: - Aê baêa, você não tem uma musiquinha com uma batida mais maneira?

Pronto; aquela era a senha que o DJ esperava ansiosamente. Sem pestanejar bota para tocar um daqueles funk pesado.

A essa altura, os dançarinos, quase que em transe, mergulham de corpo e alma naquele ritmo quase que tribal, enquanto os uísques e os alcoólicos iam desaparecendo quase que totalmente das bandejas dos garçons. A temperatura ia esquentando cada vez mais. Chegou o momento que os homens começaram a tirar seus paletós, desabotoar suas camisas e folgar completamente suas gravatas. Já as mulheres, tiraram as sandálias e descalças se entregaram completamente á aquele som.

A sensualidade brotava por todos os lados, tomando conta dos dançarinos. As mulheres começaram a rebolar naquele sobe e desce frenético, enquanto esfregavam seus corpos e cabelos, num frenesi constante. Os homens, excitados com os movimentos de suas parceiras, acompanhavam aquele ritmo quente como verdadeiros lobos, prontos para abater a sua presa.

A essa altura, os noivos, já totalmente desconsolados e completamente desesperados, com o que estava acontecendo com a sua festa, ouvem alguém murmurar aos seus ouvidos: - Manda recolher rápido as garrafas, antes que eles resolvam dançar ``na boquinha da garrafa``.

Já não havia mais o que fazer.

Para os nubentes a festa estava acabada.

Sem dúvida, esta foi uma festa sem igual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça o seu comentário sobre o texto.