terça-feira, 15 de outubro de 2013

Careca por um tempo.

Como a maioria já sabe, carequei geral.

Outro dia passando em frente a uma barbeira, parei, olhei, pensei e decidi entrar.

Sentei na cadeira e falei para o barbeiro:

- Passa a máquina zero!

Ele, com toda a calma olhou para mim, se curvou um pouco e perguntou num tom de muito respeito:

- O senhor tem certeza?

Eu sem pestanejar, pois era uma coisa que já de muito tempo queria fazer, respondi:

- Tenho sim! Manda brasa!

O resultado desse ato quase insano é uma experiência que vale a pena ser contada.

A primeira coisa que acontece quando você faz uma coisa assim, e vê cair o último fio de cabelo, é você sentir um verdadeiro vazio existencial. Definitivamente, aquele cara que estava sendo refletido no espelho não era mais você. Lá estava um desconhecido. Um estranho, um estrangeiro, um alienígena.

E agora? O que fazer?

Você sai da barbearia um pouco atordoado e fica por algum tempo repetindo para você mesmo: O que fazer agora? E agora o que fazer? Depois de muito pensar, veio a inspiração: O Google, o Google! Talvez o ele tenha a resposta! Ele tem resposta para tudo.

Por que não teria para um recém careca desesperado?

Depois de procurar um pouco, achei em um link com o resultado de uma pesquisa feita pela Universidade da Pensilvânia, que ao meu ver deve ter sido feita por cientistas carecas, explico mais adiante. A tal pesquisa sugere que homens que resolvem ficar carecas raspando a cabeça, parecem mais viris, poderosos e fisicamente mais fortes.

Isto era um bom alento, mas definitivamente não era assim que eu me sentia naquele momento.

Depois de alguns acontecimentos tive a certeza de que a pesquisa foi mesmo feita por cientistas carecas querendo valorizar a sua mercadoria, ou digamos, a sua falta de mercadoria.

A primeira coisa que aconteceu comigo foi quando cheguei em casa e escutei da minha mulher que me olhava de forma indignada:

- O que foi que você fez? Deste jeito não saio mais com você.

Aí eu pensei:

- É já vi que hoje não rolar nada. Não adianta nem tentar.

Ela estava certa. Imagine só, se você mesmo não se reconhece mais, imagine sua esposa. O cara que acaba de entra na casa é também um total desconhecido para ela.

Lá se foi o primeiro ponto positivo da gloriosa pesquisa Pensilvaniana.

Quando encontrei a minha filha menor de quatro anos, ela ficou olhando para mim de um modo estranho. Olhou, olhou, mas no final gritou: -É meu pai! É meu pai!. Bom, demorou mas pelo menos ela me reconheceu.

O problema apareceu quando pedi para ela entrar e ela me respondeu:

- Não vou entrar porque você está careca!

Neste momento me senti um leão sem juba. Dá para imaginar um leão sem juba? Se você olhar bem um leão, parece que toda a sua majestade repousa exclusivamente na juba. Tirando a juba parece que não sobra muita coisa.

Instantaneamente parecia que eu tinha perdido todo o meu poder sobre a minha alcatéia. Deste ponto de vista ela estava certa, quem levaria a sério um leão sem juba?

Mais uma vez, a nobre pesquisa errava.

No meu surto “privo de capelli” momentâneo, passei aquela primeira noite toda “inclaro”. Me olhava no espelho á todo instante tentando ver se o cabelo já tinha crescido um pouquinho e tentando calcular em quanto tempo ele voltaria ao normal. No outro dia, eu estava todo quebrado pela noite perdida. Fisicamente eu estava acabado. Tive que Passar três dias para me recuperar do ocorrido. O terceiro postulado da pesquisa capilar tinha também caído por terra.

Lá se foram as minhas três e únicas esperanças. No meio daquele desespero total me veio uma luz. Lembrei-me do “tempo”. Sim, ele, o tempo, só ele iria dar jeito nesta situação.

Era tudo muito simples. O negócio era ter calma. E como deveria mesmo aguardar e esperar, terminei ficando tranqüilo e saindo do meu surto capilar.

Agora que já me acostumei com a minha nova aparência, fico curtindo o crescimento da minha nova “cabeleira”. E olhando bem, até que não fiquei tão mal assim!

Mas o certo é que:

Raspar, nunca mais!

06/12/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça o seu comentário sobre o texto.