segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Deu no jornal!

O Globo publicou na semana passada uma reportagem em que dizia que uma empresa holandesa, a Mars One, pretende até 2023 instalar em Marte uma colônia humana. O principal detalhe deste projeto, e que chama muita atenção, por um “probleminha” de custos, é que a passagem dos astronautas será apenas de ida.

Tá pensando que é brincadeira? Não é não! É isso mesmo. Passagem só de ida.

Mesmo assim, já tem mais de 100 mil inscrições de voluntários querendo se mudar para o planeta vermelho para morar em pequenas cápsulas, provavelmente cedidas pelo BNH.

A idéia de mandar gente para Marte com passagem só de ida é me parece assustador. Mas os autores do projeto afirmam que isso não é nada de mais. Dizem que isto não seria mais estranho que uma passagem só de ida para os Estados Unidos em 1620, na época da colonização americana, e que a exploração, as descobertas e as viagens para o desconhecido fazem parte do próprio espírito humano.

Convenhamos, existe uma grande diferença entre os dois casos. Aposto, sem chances de errar, que nenhum dos donos da Mars One embarcaria em um vôo “one way” para Marte.

A proposta seria mandar inicialmente quatro pessoas “equipadas” com um pequeno reator nuclear debaixo do braço e um par de veículos. Presumo que pás e picaretas e band-aids devem fazer parte do kit básico de sobrevivência. Lá os “news marcianos” teriam que fabricar seu próprio oxigênio, cultivar alimentos, e até mesmo iniciar projetos de construção utilizando-se de matérias primas local, com o objetivo de acolher os futuros humanos que seriam enviados. Coisa leve, fácil de fazer, sem problema algum.

Periodicamente (até faltar grana) remessas de alimentos e suprimentos médicos seriam enviadas da terra aos nossos expedicionários.

No meio de todos os voluntários inscritos logicamente existem brasileiros. E como dito na reportagem por uma compatriota, ela “quer ter a oportunidade de experimentar uma nova forma de viver em uma “nova sociedade.

Tudo bem! Eu até posso entender estas questões filosóficas da natureza humana sobre a curiosidade pelo desconhecido, mas gostaria de fazer algumas perguntas:

O que há de errado com a velha Terra? Tá faltando espaço? Estão faltando alimentos? Está faltando privacidade?

Se o problema é a falta de privacidade, existem locais na Terra totalmente isolados, totalmente ermos, ótimos para se iniciar uma nova sociedade. Garanto que todos muito mais aprazíveis que qualquer lugar de Marte.

Por que ir morar lá?

Talvez o problema dos nossos aspirantes á marcianos, não seja propriamente a velha Terra, e sim a complicada natureza do ser humano que nela habita Conhecendo esta natureza, fica fácil de fazer algumas previsões.

Certamente se enviarmos inicialmente para Marte estas quatro pessoas, mesmo antes de chegar lá, uma delas vai querer ser o chefe, a outra para tirar proveito da situação vai se colocar na posição de “amigo do chefe” e a terceira, para não perder espaço, vai logo se candidatar a consultor marciano para assuntos outros. O que vacilar vai terminar fazendo todo o trabalho pesado. Lembram das pás e picaretas e dos bad-aids? Continuando.....: Se por um acaso faltar vaga na cápsula e só couberem três camas, as vagas certamente ficarão distribuídas da seguinte forma: uma para o chefe, uma para o "amigo do chefe” e a outra para o consultor.

Sem direito a sua vaga, o nosso quarto viajante, vai mesmo ter que dormir ao relento sem ao menos ter direito a um rodízio de “cama quente”.

Esta é a grande verdade sobre a natureza humana, “farinha pouca o meu pirão primeiro”. Ela é valida tanto aqui na terra, como em Marte ou em qualquer lugar do universo.

Basta apenas juntarmos dois seres humanos.



18/08/2013

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