terça-feira, 19 de novembro de 2013

O buraco da fechadura.

Desde que o mundo é mundo que o homem se espiona. A arapongagem, como se conhece hoje, possivelmente teve seu início lá nos primórdios da humanidade, com a formação dos primeiros grupos de homo sapiens, quando ainda vagavam sem rumo pelas pradarias da África.

Por uma questão de sobrevivência, era preciso saber como o outro grupo conseguia abater aquele animal tão grande e sem grandes problemas. Agora eles teriam comida por vários dias, e a depender do clima, por várias semanas. Que “nova tecnologia” seria aquela? Era necessário saber. E para saber era preciso olhar, espiar; espionar. Espionar foi um ato que certamente ajudou de sobrevivência da própria humanidade, servindo como um catalizador da nossa evolução tecnológica.

Espionar o outro; o interesse pela vida alheia, e o prazer da bisbilhotice, parece fazer parte de natureza humana, estando encravada bem lá no fundo do nosso DNA.

Fala-se que os antigos Egípcios já possuíam um sistema de, digamos assim, “ aquisição de informações” bastante desenvolvido que servia ao estado, e pelo que se tem notícia, o primeiro serviço secreto oficial foi organizado por ordem do rei Luis XIV da França. De lá para cá, todo estadozinho que se preze tem o seu. Se não for para uso externo, é para uso interno, ou ambos.

Espionar o outro virou uma obsessão entre os estados constituídos. A guerra fria acelerou, refinou e sofisticou brutalmente os processos e as técnicas de espionagem. Espionagem e contraespionagem passaram a se misturar e já não se sabe mais quem começou primeiro. Na área das relações internacionais parece que a melhor defesa não é o ataque. É a espionagem.

Durante este longo tempo, parece que a única coisa que mudou foi a forma e a velocidade com que as “informações coletadas” chegam ao seu destino. O avanço tecnológico possibilitou uma espionagem “on line” sem a necessidade daqueles antigos agentes secretos que se infiltravam entre os inimigos, realizando todo o tipo de “trabalho sujo” que por ventura viesse a ocorrer.

Atualmente não se precisa mais enforcar ou decapitar o espião pilhado com a mão na massa. Se alguma coisa dá errado, é só desligar o sistema e fazer cara de desentendido quando acossado por algum repórter.

Hoje não adianta chorar nem fazer biquinho. Não adianta criptografar ou comprar um sistema especial qualquer. Quem vai lhe vender essa tecnologia é o mesmo que lhe espiona.

Dizem que a nossa saída para o espaço, através da base de Alcântara no Maranhão, sofreu uma “interferência” francesa. Oficialmente, a explosão foi provocada por uma pane elétrica que causou ignição antecipada de um dos propulsores do foguete. A localização da base brasileira é considerada uma das melhores do mundo para o lançamento de foguetes com satélites comerciais, pois com a proximidade ao Equador, estima-se uma economia de cerca 30% em combustível. Se desse certo, a base de Alcântara se transformaria na única concorrente do Centro Espacial de Kourou, localizado na Guiana Francesa. O acidente atrasou o nosso programa espacial em décadas.

Após o descobrimento do pré-sal a Quarta Frota americana, responsável pelo patrulhamento do atlântico sul foi reativada e eles deram uma chegadinha pela região, quase lançando ancora por aqui.

Estranhamente no leilão do campo gigante de Libra as grandes petroleiras americanas não se apresentaram. Por que elas não vieram? Será que é porque elas já sabem o que a gente ainda não sabe?

Ficar chocado com a descoberta das espionagens americana no Brasil, e ao resto do planeta, é no mínimo ingenuidade. Neste mundo, espiona mais quem pode mais. E o USA está no topo desta cadeia alimentar. Espionar vale grana; muitíssima grana.

Os russos, que também são protagonistas deste “modus vivendi” estão ressuscitando a velha e boa máquina de escrever. O serviço secreto comprou umas 20 máquinas para evitar possíveis vazamentos de informações através do uso de meios eletrônicos. E nós brasileiros o que faremos? Continuaremos vivendo ingenuamente e alegremente com a porta da nossa casa eternamente aberta, achando que todo o mundo é bonzinho e que bicho papão não existe?

Se assim for, estaremos fadados a ficar para sempre no nosso lugarzinho no pé da escada. E enquanto vamos sendo arapongados, continuamos dormindo em berço esplêndido. Bicho papão existe e vive dia e noite a nos espreitar.

Um comentário:

  1. Apreciei o comentário , em linguagem simples , fornecendo um visual compacto e quase completo do nosso horizonte , atrás do qual está escondido o bicho papão !

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