quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dois poemas; um só poeta.

Quando se pensa nos poetas como um ser lírico, Manuel Bandeira nós mostra a sua face de um ser real e nada pudico. Suas abordagens ás vezes consideradas vulgares, pela tradição acadêmica, reforça a sua condição humana de poeta do cotidiano, transitando entre o sublime e o mundano com a mesma facilidade.

A alcunha de “O mais lírico dos poeta” parece não se encaixar na sua personalidade.

Arte de Amar

Manuel Bandeira

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.

Só em Deus ela pode encontrar satisfação.

Não noutra alma. Só em Deus — ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

A Cópula.

Manuel Bandeira

Depois de lhe beijar meticulosamente

o cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce,

o moço exibe à moça a bagagem que trouxe:

culhões e membro, um membro enorme e turgescente.

Ela toma-o na boca e morde-o. Incontinenti,

Não pode ele conter-se, e, de um jacto, esporrou-se.

Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alteou-se

E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente

Que vai morrer: - "Eu morro! Ai, não queres que eu morra?!"

Grita para o rapaz que aceso como um diabo,

arde em cio e tesão na amorosa gangorra

E titilando-a nos mamilos e no rabo

(que depois irá ter sua ração de porra),

lhe enfia cona adentro o mangalho até o cabo.

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