domingo, 8 de setembro de 2013

A crítica, a ética e o "politicamente correto".

Como se pode exercer o direito da crítica sem ultrapassar os limites da ética e não se chocar com a barreira do "politicamente correto"?
.
Imagine você fazendo parte da equipe do navio transatlântico Costa Concordia, com cerca de 4 mil passageiros, sob as ordens do Comandante Francesco Schettino. Por negligência, a embarcação encalhou e posteriormente naufragou na costa da Itália. No incidente, 30 pessoas morreram.
.
Sabendo da fama de irresponsável de seu comandante, e que isso poderia colocar em risco a vida de milhares de passageiros e da própria tripulação, o que você faria?
.
Ficaria calado - porque não seria ético e é politicamente incorreto falar dos defeitos de seus colegas de trabalho, principalmente dos seus superiores - ou comunicaria à companhia, tentando alertar sobre uma possível catástrofe?
.
A função da ética é dar equilíbrio e bom funcionamento às relações sociais, possibilitando o bem comum. Ela está relacionada com o sentimento de justiça social.
.
Para que isso ocorra, a relação ética deve ter mão e contra-mão. No momento que alguém age e por algum motivo prejudica outrem, abre-se automaticamente o canal para a crítica. Logicamente, uma crítica construtiva, que tenha a intenção de restabelecer a normalidade das relações.
.
Atualmente, algumas pessoas já começam a questionar, o que julgam ser exagero, a diretriz do "politicamente correto" para o bem-estar comum.
.
Segundo o filósofo pernambucano Luiz Felipe Pondé, essa diretriz é uma forma de censura fascista que grupos estabelecem para que o seu silêncio beneficie a eles ou a pessoa de seu interesse.
.
Portanto, quando alguém ou alguma instituição social é prejudicada, temos o direito legítimo à critica, sem preocupação com a "ética" e o "politicamente correto".
.
Todos temos o direito, na intenção de se reestabelecer a justiça, de dizer:
.
- "Vada a bordo, Schettino!" *
.
* Fala do comandante De Falco, da Capitania dos Portos, ordenando à Schettino que ele voltasse para bordo. Ele foi um dos primeiros a abandonar o navio.
.

.
Claudio Sarnelli
.
15/10/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça o seu comentário sobre o texto.