terça-feira, 27 de maio de 2014

Cem anos de ilusão

Eu a este ponto torno-me uma nau a navegar. Sem porto, trago em mim, sem poder me livrar, todas as agruras destes infinito mar.

Olho, vejo e sinto, sem poder falar, a presença de todos os monstros que pairam no ar.

Coube a mim um “gran finale”. Mas simplesmente não posso. Aceitariam um apenas um “finale”? Não quixotesco por si só, mas real; tão real que outros já sucumbiram por tal.

Coube a mim, capitão desta nau, apenas a solidão, o grande troféu a alcançar. Nada mais!

A luta sem luta, a luta com luta. A luta com dor. O momento se aproxima e a esperança se esvai, enquanto o tempo escorre pelas velas de nossas naus.

Uma coisa posso dizer: Nasci de coturno, e tenho um coração litificado por cem anos de ilusão. Poderia dizer o porque, e muito mais. Mas para que o faria, se nada mudou neste último século.

As pessoas nasceram, a grama cresceu, e elas se foram. O homem á lua chegou e o mundo encolheu. Hoje ele cabe na palma de nossas mãos. Mas nada mudou!

O homem cotidiano, xucro por natureza, não é capaz de enxergar o seu próprio rastro, de sentir o seu próprio cheiro. Assim como um guarda-chuva, nada muda!

A luta sem luta, a luta com luta, a mudança só pela dor.

31/08/2010

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