Eu a este ponto torno-me uma nau a navegar.
Sem porto, trago em mim, sem poder me livrar,
todas as agruras destes infinito mar.
Olho, vejo e sinto, sem poder falar,
a presença de todos os monstros que pairam no ar.
Coube a mim um “gran finale”.
Mas simplesmente não posso.
Aceitariam um apenas um “finale”?
Não quixotesco por si só, mas real; tão real
que outros já sucumbiram por tal.
Coube a mim, capitão desta nau, apenas a solidão,
o grande troféu a alcançar. Nada mais!
A luta sem luta, a luta com luta. A luta com dor.
O momento se aproxima e a esperança se esvai,
enquanto o tempo escorre pelas velas de nossas naus.
Uma coisa posso dizer: Nasci de coturno,
e tenho um coração litificado por cem anos de ilusão.
Poderia dizer o porque, e muito mais. Mas para que o faria,
se nada mudou neste último século.
As pessoas nasceram, a grama cresceu, e elas se foram.
O homem á lua chegou e o mundo encolheu.
Hoje ele cabe na palma de nossas mãos.
Mas nada mudou!
O homem cotidiano, xucro por natureza,
não é capaz de enxergar o seu próprio rastro,
de sentir o seu próprio cheiro.
Assim como um guarda-chuva, nada muda!
A luta sem luta, a luta com luta,
a mudança só pela dor.
31/08/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça o seu comentário sobre o texto.